A Rede Emancipa de Cursinhos Populares manifesta APOIO e SOLIDARIEDADE à luta dos estudantes da UNIFESP e reivindica que os estudantes presos em 14/06 sejam imediatamente soltos. Manifestamos nossa indignação e repúdio frente à ação combinada do governo federal e estadual e suas polícias, que reprime e criminaliza o movimento estudantil com ações como as que vimos em 14/06, na UNIFESP de Guarulhos/Pimentas. É inaceitável que a resolução das autoridades seja calar a reprimir violentamente o movimento político legítimo e necessário que mobiliza a maior parte das universidades federiais por melhores condições de ensino, por moradia estudantil, sala de aula, biblioteca, restaurantes universitários. A resposta dos autoridades se assemelha aos métodos da ditadura militar e não de resoluções democráticas. Divulgamos abaixo um texto de um professor do Cursinho Salvador Allende, estudante da UNIFESP/Guarulhos-Pimentas, que foi escrito antes do ocorrido de ontem, à respeito da truculência da ação policial de 06/06.
A escola Rodas de repressão estudantil toma mais uma notável atitude através de alguns dos seus prestigiados – o Sr. Marcos Cezar (Diretor Acadêmico da Unifesp Guarulhos), Sr. Walter Albertoni (Reitor da Unifesp), juntos à Polícia Militar e Federal com ordens dos governos estadual tucano e federal petista, respectivamente. Nessa quarta-feira, dia 6, 43 estudantes da UNIFESP foram encaminhados ao DPF após a ordem de reintegração de posse executada pela PM de maneira autoritária e opressora, depois de semanas de ocupação do Campus Guarulhos da Unifesp.
Dias antes, fora outorgada pela 1ª Vara Federal de Guarulhos¹ a Reintegração de posse no Campus Guarulhos com ação da polícia militar e federal, contrariando a negação da petição anterior, a qual ainda requerida à UNIFESP esclarecimento sobre melhorias no campus, o qual visivelmente não aconteceu: “Esta decisão contraria outra, tomada alguns dias atrás. Nela, ficou desautorizado o uso do aparelho repressivo do Estado porque esta medida não resolveria o problema da instituição e, ainda por cima, obrigou a Unifesp a prestar esclarecimentos sobre as melhorias no campus reivindicada pelos estudantes.”²
Na tarde do dia 6, cerca de 9 viaturas chagaram ao campus espalhando terror pela comunidade acadêmica, com policiais dispostos a cumprir a ordem judicial, a qual fere a garantia constitucional do direito de manifestar-se politicamente num local público. Pouco antes, o sr. Marcos Cézar autorizou o fechamento dos portões do campus, para que nenhum estudante saísse sem presenciar o terror dos fardados em ação. Esqueceram-se de avisar ao caro MC que a comunidade do Pimentas transitava pelo campus e poderia ser encurralada. Os assessores do diretor esqueceram-se de avisá-lo que essa ação é caracterizada como “cárcere privado”, isto é, um crime que a polícia ali presente não repreendeu.
Invadindo o local da ocupação, os policiais retiraram os estudantes que sem resistência alguma foram encaminhados ao Departamento da Polícia Federal da Lapa. Através de uma câmera (descoberta e censurada pelos policiais em trabalho), vimos o descumprimento dos “procedimentos” que devem ser obedecidos: segundo esse vídeo, o policial apavora o último estudante que saia da ocupação com uma arma maior que minha perna apontando para as costas do jovem em curta distância, que, mesmo sendo “apenas uma arma de balas de borracha”, disparada daquela forma contra o cidadão certamente o colocaria em risco. Interessante ressaltar que os estudantes foram para a delegacia de fretado – o mesmo que leva os alunos da Unifesp do metrô Itaquera até o campus Guarulhos. Sim, o sr. Marcos Cezar não disponibilizou o fretado nesse dia estrategicamente para servir de “camburão” e levar os estudantes para a delegacia. Segundo um informativo do diretor enviado na mesma manhã, o ônibus estava “quebrado” e apareceu coincidentemente tinindo no mesmo dia. Não sabemos de aval algum que autorize o trancamento dos portões do campus tampouco autorização para transportar os estudantes para a DPF no veículo cedido “gentilmente” à polícia. Esse fretado (que parece aqueles micro-ônibus comuns), não abriga adequadamente 43 pessoas, o que colocou os estudantes em risco de acidentes graves pelo percurso rodovia afora.
Chegando ao DPF, os estudantes tiveram o apoio de por volta de 50 manifestantes que, entre estudantes, familiares e apoiadores, exclamavam: “Fora PM”, “Nossos guerreiros de luta, queremos vocês na rua”, “Estudante não é ladrão, abaixo a repressão”, aplaudindo a força dos ocupantes que, segundo o relato de um dos advogados que apoiam a greve, demonstraram habilidade ao não oferecerem resistência à ação dos policiais. Se a resistência tivesse existido, os estudantes poderiam ser fichados por algum delito maior e certamente algum processo mais penoso aconteceria.
Segundo um dos advogados dos estudantes, eles seriam liberados após todos os depoimentos serem colhidos. Em princípio, apenas negativas para a acusação de crime de desobediência, por não terem desocupado o local. A PF decidiu lavrar apenas termos circunstanciados, que mantêm a primariedade dos acusados. Um delegado da Polícia Federal teria dito que não foi a PF a responsável pelo transporte dos acusados no micro-ônibus – cedido à PM pela reitoria da própria Unifesp.³
Os estudantes foram liberados pela manhã do dia seguinte prontos para voltar a lutar pelas mudanças que a Unifesp Guarulhos precisa, enquanto vemos a displicência do governo petista com a educação. A ocupação é prova que o Reuni é um plano de expansão à qualquer custo, sem nenhum planejamento digno e sem verba suficiente. A reintegração é a prova que nosso diretor acadêmico, fazendo o uso da força policial, não está disposto a atender tampouco negociar as nossas reivindicações. A greve continua. Agora, é greve geral!
ACABOU O AMOR, ISSO AQUI VAI VIRAR O CHILE!
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